sábado, 25 de outubro de 2008

Não IA escrever NADA sobre eleições...

Xii, pegaram a pessoa errada, no pior momento possível! ¬¬
A caminhada até o lar doce lar estava normal. Na verdade, estava pior do que de costume, entretanto continuava normal. Meus joelhos gritavam a cada passo, minha coluna pendia para o lado direito, em virtude da leva de “informações” que trazia comigo dentro de uma bolsa e sobre o braço esquerdo; o calor sufocante forçava meu organismo a emitir pequenas radiações (aquelas inofensivas, senão pelo odor desagradável que causam ao final do dia); e pensamentos fortes sobre como ainda esbraveço quando sou contrariada ou quando sinto que meus pilares externos amolecem e gradativamente me abandonam. Não, esse não era um dia comum.

A poucos metros das centenas de escadas (hipérbole) que me levariam à receptividade alegre dos meus cachorros (lindos, fofuchos e fedidos!), vejo um ser humano conhecido (vizinho chato e forçadamente simpático) carregando uma bandeira grande e azul e sacolas cheias de papeizinhos também azuis. A cor bela e calma logo remetera-me ao candidato “direitista” (se é que esta classificação ainda existe) ao cargo da prefeitura do município da terra dos batateiros (é, a terra desta mesma que vos escreve). O ser estava fazendo seu trabalho de cabo eleitoral; e este mesmo trabalho cruzara o meu caminho! Ah, que pena!

Tentei desviar, acelerar o passo simulando uma pressa mais do que existente, atravessar a rua. Esta última opção seria mais eficiente, se eu não corresse risco de vida... Acabei tendo que tangenciar o campo magnético do rapaz (perdoe-me se isso não existe... rs.... o uso de termos técnicos escolares são só pra eu não esquecer que devo reduzir a minha ignorância física em menos de um mês! O.o).

Começara a fazer-me mil perguntas até descobrir que ainda não curso uma universidade. Concomitantemente ao tedioso e previsível questionário, entregava-me os papeizinhos azuis. Até que, repentina e rapidamente (já que chegávamos à rua na qual eu residia), o homem puxou meu braço e disse-me, quase em tom de sussurro:
- Que fique só aqui, entre a gente, mas eu conheço a prima tia e o bisavô cunhado... blá blá blá wiskas sache... que trabalha junto com o vereador X recém eleito, o mais votado da nossa cidade, um homem íntegro... blê blê blê wiskas sache again... que pode conseguir para você uma bolsa de estudos integral do curso que você escolher, em uma faculdade particular.
- Jura? E como funciona isso? Conte-me detalhes, pois adorei a proposta de avanço social deste (outro) ser humano!

Há, enquanto ele me explicava, meus olhos enchiam-se de lágrima, minha respiração ficava ofegante e o que eu mais queria era não estar lá naquele momento. Poderia dizer-lhe mil coisas, sabe. Cabo eleitoral e vendas de votos na cara dura! Mas restringi minhas palavras a um laconismo irônico e sarcástico (percebido pelo receptor), por um motivo auto-suficiente: NÃO MUDARIA PORRA NENHUMA NESTA IMUNDISSE DE POLÍTICA.

- Não, moça. Veja bem: o candidato JÁ ESTÁ ELEITO!
(Avisto meu portão... ah o meu portão! Salvar-me-á!)
- Ok. Então me diga: esta “atitude do vereador” inclui terceiros? Melhor dizendo: beneficiará a TODOS os jovens que concluírem o ensino médio, declararem carência financeira, e fizerem parte da futura população economicamente ativa do município de São Bernardo do Campo?
(na verdade, fui bem mais sucinta... rs).
Os olhos do ser se arregalaram e a testa franziu.
- Olha, estou te fazendo simplesmente uma proposta... aceita?
- É pra mim? Só pra mim?
- Aceita ou não?

Percebi. A coisa é de verdade. Acontece de verdade. E as pessoas aceitam de verdade. Quanta verdade! O.o
Ainda assim a mentira prevalece. Aquela que nos faz acreditar no bem comum, num governo PÚBLICO, (aquele do povo, para o povo e pelo povo); a hipocrisia democrática e as “eleições do cacete” que até hoje existem.

Puro reflexo do homem.

- Não, Sr. Ser humano, muito obrigada!

E que esta concepção pessoal não se corrompa no decorrer dos anos.

Amém.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caraca meu!!

vai fazer jornalismoo...